Os interiores da USP dão o recado: Zago não terá sossego
07 de junho de 2016, 09:54
Estamos em junho, mês que é assimilado, ainda na memória recente, às massivas mobilizações da juventude que pararam o Brasil e chocaram toda a casta política do país reivindicando mais direitos sociais. Junho de 2016, três anos após, começa com um grande levante nacional pela educação. Enquanto estudantes secundaristas do Ceará e do Rio Grande do Sul ocupam suas escolas contra a precarização do ensino básico, os estudantes universitários protagonizam uma verdadeira insurreição contra os cortes na educação e por maior democracia.
No Estado de São Paulo, em especial, a mobilização tem crescido dia após dia. Além da UFSCar e do IFSP – que respondem à esfera federal – a USP, a UNESP e a UNICAMP estão em greve contra o projeto que o PSDB tem implementado para a educação no estado. Só na USP, os cortes já passaram dos 200 milhões de reais. Nessa histórica mobilização, se destaca com muita força a mobilização dos campi do interior da USP.
O modelo de universidade imposto por Zago traz graves consequências à permanência dos estudantes nos campi do interior. Seja pela falta de moradia estudantil em Lorena; seja pela piora na qualidade dos serviços dos restaurantes terceirizados em São Carlos e Ribeirão Preto, e sua tentativa em Pirassununga e Piracicaba; pela ameaça de fechamento de creches em Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos; seja pela intransigência das prefeituras e diretorias a ouvir mulheres, negras e negros, e LGBTs, temos ganhado cada vez mais força. Nos inspiramos nos estudantes secundaristas que ocuparam suas escolas e derrotaram o projeto de reorganização escolar proposto pelo governador Geraldo Alckmin, fortemente envolvido no escândalo de desvio de verbas da merenda escolar.
Os últimos dias refletiram uma verdadeira primavera nos campi do interior. Em assembleia, os estudantes de Lorena, um dos campi mais precarizados da universidade, deliberaram apoio à greve e às suas pautas; em Pirassununga e Piracicaba, os estudantes seguem em luta contra a terceirização do Restaurante Universitário, com paralisação estudantil neste último; em Ribeirão Preto, os estudantes decidiram por paralisar suas atividades por um dia pela segunda semana consecutiva, com destaque para a paralisação completa de diversos cursos da FMRP – faculdade na qual Zago é professor -; e em São Carlos, em uma assembleia histórica com mais de 1000 estudantes, decidiu-se por manter o indicativo de greve e paralisar nessa quinta-feira.
Vamos trazer o espírito de junho de 2013 e da primavera das mulheres que têm contagiado todo o Brasil para dentro da USP. Zago e sua cúpula não podem mais ignorar a mobilização estudantil que cresce a cada dia; serão obrigados a negociar e a ceder. Enquanto isso, o movimento cresce a cada dia. Por isso, todos os campi estarão no grande ato dos estudantes, terça-feira, 07/06, às 12h00, para derrotar Zago e Alckmin.