NOTA DO DCE-LIVRE DA USP SOBRE A PROIBIÇÃO DE FESTAS NOS CAMPI
31 de agosto de 2015, 10:23
Na última sexta-feira, dia 28 de agosto, ocorreram diversas festas na USP. Todas estavam marcadas para essa data antes da publicação oficial da proibição, e algumas delas inclusive tinham como objetivo protestar em relação a essa absurda medida da reitoria. Ao que sabemos, aconteceram todas as festas que estavam marcadas para aquela data.
Nós, estudantes e membros da gestão do Diretório Central dos Estudantes – Livre da USP, entendemos como um grave ataque essa medida da reitoria de Marco Antonio Zago. O argumento de que as festas seriam a origem de casos de violência na USP é completamente falso, excludente, racista e discriminatório. A reitoria joga para os estudantes e a quem Zago chama “pessoas estranhas à USP” — se referindo a jovens negros das comunidades do entorno do campus Butantã — a responsabilidade sobre o problema da segurança da USP. Em nossa opinião, a proibição inclusive aprofunda aquilo que é a real origem dos casos de violência: um projeto de universidade elitista, em que poucos podem entrar, menos ainda conseguem finalizar seus estudos, e que não se relaciona nem é ocupada pela sociedade em geral.
A questão da segurança na USP não se resolve nem com PM, nem com o fechamento do seu espaço. Acreditamos que o caminho que a universidade deve tomar é, em primeiro lugar, buscar formas de fato democráticas para tomar decisões que afetam a todas e todos, e, em segundo, o incentivo à ocupação de seus espaços pela população. Mas, além disso, também queremos a melhora na iluminação das ruas, ampliação do transporte público nos campi, ampliação do efetivo feminino e treinamento em direitos humanos para a guarda universitária, bem como criação de instâncias para encaminhamento de casos de violência machista, racista ou LGBT-fóbica, como um Centro de Referência.
Acreditamos que a USP, como universidade pública que deve ser, deve ter seus espaços abertos ao uso de toda a população. A reitoria, ao contrário, pretende que a USP seja cada vez menos pública: corta verbas, ataca o regime de trabalho da comunidade universitária, ao passo que amplia a terceirização e a presença e poder de fundações privadas na USP.
Enquanto isso, aparecem cada vez mais denúncias de corrupção envolvendo a reitoria, a Fundação Universidade de São Paulo e diversas empresas privadas contratadas pela universidade. Essa festa, sim, tem que acabar! A reitoria, afinal, tenta criminalizar os estudantes pelo uso do espaço físico da USP para socialização e confraternização, enquanto o entrega nas mãos de empresas e fundações privadas investigadas por corrupção. Será mesmo que somos nós estudantes que usamos o espaço de forma errada ou será que Zago quer mudar o foco da atenção dos verdadeiros problemas da USP?
Não aceitaremos a retirada de nossos espaços! A festa do Zago é que tem que acabar!