Nota de esclarecimento sobre a assembleia
10 de junho de 2014, 18:01
O DCE vem a público esclarecer um fato ocorrido na última assembleia geral dos estudantes. Durante uma defesa de proposta, a fala de um dos diretores do DCE foi acusada de racista. Nesta fala, este diretor abordou o problema de uma super-representação de alguns grupos políticos em determinados espaços. Tal fala, porém, não fez a necessária diferenciação entre o Núcleo de Consciência Negra (que representa a auto-organização dos negros na nossa universidade) e outros organismos, dando a entender que seria ruim uma suposta “super-representação” do NCN. Para além de uma ação individual ou “intencional”, entendemos que esta fala refletiu o racismo estrutural arraigado em nossa sociedade, que ignora a falta de negros nos espaços representativos da política. Em outras palavras, refletiu a naturalização da opressão e a sub-representação das negras e dos negros em nosso país. Este fato, como tantos outros, expressa a urgência da luta pela real inclusão do povo negro em todos os espaços da nossa sociedade. Não podemos seguir aceitando que apenas uma pequena minoria de estudantes seja negra.
O DCE reconhece o papel insubstituível que o NCN cumpriu e segue cumprindo na defesa de uma universidade e uma sociedade ocupada e protagonizada pelos negros, maioria da população brasileira. Achamos importante a representação do NCN e que este debata auto organizadamente sua representação no comando de greve, levando para esse espaço as demandas especificas dos negros da universidade. Assim como o Núcleo, que já pauta este debate a longo tempo, estamos na luta por cotas na universidade, elemento central para que a USP se pinte de todas as cores, assim como, junto ao NCN, ao movimento negro e todos estudantes da USP, derrotamos o PIMESP no ano passado!
Fazemos, portanto, a autocrítica e nos desculpamos publicamente pelo ocorrida na última assembleia. Para virar a USP do avesso, é preciso modificar radicalmente sua composição social de tal modo que a universidade se torne de fato pública. Queremos uma universidade que seja dos negros e negras que dela são excluídos diariamente.