Greve geral na USP: a luta pela universidade pública!
22 de maio de 2014, 13:25
Embaladas pelas jornadas de Junho/2013, diversas categorias de trabalhadores, movimentos sociais e segmentos da juventude têm cada vez mais reivindicado seus direitos com mobilização. De alguns meses pra cá, as greves não param de eclodir pelo país: rodoviários, garis, professores, metroviários, ferroviários. Os movimentos sociais voltaram às ruas para exigir moradia, saúde, educação, transporte, ao invés de bilhões investidos na Copa da FIFA. De norte a sul do Brasil, a luta social voltou à cena!
Também na USP, sabíamos que tempos difíceis se aproximavam. A situação na EACH ficava cada vez mais grave, e as perspectivas de resolução do problema mais distantes. Além disso, no começo do ano, com o anúncio dos cortes orçamentários implementados por Zago, começou a germinar na universidade um grande sentimento de insatisfação. Professores, funcionários e estudantes sentiram na pele a falta de verbas para suas atividades, e o questionamento às prioridades dadas pela reitoria passou a dar a tônica do debate. Enquanto o reitor Zago tentava justificar o injustificável, alegando que não havia nada a ser feito e a culpa de toda a crise financeira era apenas do ex-reitor Rodas, a comunidade universitária denunciava que não havia transparência nas contas e que o financiamento público à educação e às universidades deveria ser expandido. Ao mesmo tempo, a Associação de Docentes da USP denunciava os 2 bilhões de verba pública sonegados à universidade entre 2008 e 2013 [http://www.adusp.org.br/index.php/campanha-salarial-2014cs/1921-mais-um-capitulo-na-sonegacao].
Diferentemente do que a grande mídia tem afirmado, a culpa da crise da USP não é daqueles que a constroem cotidianamente e sim do governo que não prioriza o investimento em educação. O DCE tem mostrado como o repasse de verba às universidades segue o mesmo apesar de uma considerável expansão realizada de alguns anos pra cá [https://www.dceusp.org.br/2014/05/nos-nao-vamos-pagar-nada-a-saida-para-a-crise-da-usp-e-mais-investimento-na-educacao/].
Tudo isto foi engrossando o caldo de indignação que culminou no derradeiro estopim para a mobilização: a intrasigência do CRUESP (órgão composto pelas reitorias da UNESP, UNICAMP e USP) durante a negociação salarial anual. A proposta de reajuste de 0% para funcionários e professores é nada menos do que acintosa; trata-se de arrocho salarial, já que a proposta sequer cobre a inflação do período. Em resposta a tamanho absurdo, a iniciativa de funcionários e professores foi categórica: greve a partir do dia 27/05 até que se reabram as negociações e se conceda o aumento salarial!
Reunidos em assembleia no dia 21/05, os estudantes também se posicionaram a respeito da crise na USP. Aproximadamente 1000 participantes foram quase unânimes: greve geral em defesa da universidade pública e em apoio aos funcionários e professores!
Sabemos bem o quanto é fundamental para o bom funcionamento de uma universidade que os professores e funcionários tenham seu trabalho reconhecido e valorizado. Mas não somente isso: na atual conjuntura os estudantes tem uma série de pautas que afetam seu cotidiano e que precisam ser levadas a sério! Recentemente o DCE e mais de 30 CAs protocolaram à reitoria uma carta de reivindicações dos estudantes (https://www.dceusp.org.br/2014/05/carta-de-reivindicacoes-do-dce-e-centros-academicos-a-reitoria/) que incluia a questão orçamentária, da EACH, da segurança, do acesso etc. Exigimos à época uma reunião com Zago, sendo esta, entretanto, negada. Mais uma vez, Zago repetiu as piores práticas da era Rodas.
Por tudo isso, acreditamos que nesse momento o fundamental é construir uma movimentação que dialogue com todos os cursos e campi, inclusive os que não têm histórico de mobilização. Queremos abrir um amplo debate sobre os rumos de nossa universidade com todos! O que esta em jogo nesta mobilização é qual saída a universidade vai ter diante da crise gestada por anos durante sucessivas más administrações – cabe lembrar que Zago era Pró-Reitor da Reitoria de Rodas – e pela irresponsabilidade do governo do estado que ao longo de anos vem desenvolvendo uma política de expansão das universidades sem qualquer aumento de verba, não cumprindo, inclusive, os repasses prometidos diante da criação da EACH, da incorporação de EEL e do campus de Limeira da UNICAMP.
Zago e o CRUESP tentam despejar sobre as costas de servidores, professores e estudantes os custos desta crise e apresentam uma saída que se expressa na precarização das condições de trabalho e estudo, com a ausência de reajuste e cortes no orçamento, e na privatização da universidade, já surgindo propostas de cobranças de mensalidades e captação de recursos oriundos de fundações privadas. Na última reunião de negociação entre o Fórum das Seis e o CRUESP, foi afirmado que “caso sigam com suas reivindicações, vocês (professores, funcionários e estudantes) serão responsáveis por ameaçar a universidade pública e gratuita”. Portanto, estamos diante não só de garantir imediatas condições de trabalho e ensino de qualidade mas a luta em defesa da educação pública e gratuita que unifica professores, funcionários e estudantes de USP, UNESP e UNICAMP.
O DCE faz um chamado para que a partir da semana que vem se realizem assembleias locais que devem deliberar sobre a incorporação ou não à greve geral na universidade. Somente a partir dos cursos, numa construção aliada aos centros acadêmicos e às bases estudantis nossa greve terá a força necessária para conquistar nossas reivindicações.
Nesse momento vamos ampliar nossa voz exigindo democracia e transparência na USP! Queremos mais investimento na universidade e o atendimento da pauta global dos estudantes, com grande atenção à EACH, e também de nossos colegas professores e funcionários!
Convidamos todos para que se somem no dia 27/05 à audiência pública com as associações de docentes, sindicatos e DCEs das três universidades para discutir a crise na UNESP, UNICAMP e USP!