NEGLIGÊNCIA E CORRUPÇÃO FAZEM CAMPUS DA USP SER INTERDITADO!
09 de janeiro de 2014, 07:47
A partir de hoje (09/01) às 00h o campus Leste da Universidade de São Paulo encontra-se totalmente interditado por determinação judicial. O campus localizado no bairro de Ermelino Matarazzo (Zona Leste da Capital) inaugurado no ano de 2005 custou cerca de 40 milhões de reais aos cofres públicos e foi construído às pressas, devido a pretensões eleitoreiras do então e atual governador Geraldo Alckimim. Resultante da falta de planejamento, a USP Leste acabou sendo construída sobre área de represamento natural do Rio Tietê e, por isso seu subsolo possui quantidade de gás metano (altamente inflamável) similar a de um aterro sanitário o que é considerado altíssima e impróprio para a prática constante de atividades.
Boa parte das Zona Leste e Norte (as partes mais próximas do Rio Tietê) convivem ou conviveram com o problema do metano. Shoppings Centers, Estádios, Mercados entre outros estabelecimentos da região já foram atuados pela CETEB e intimados pela justiça para que apresentam uma solução ao problema do metano. A extração do metano (na maioria dos casos) é simples e relativamente barata, consiste na instalação de bombas extratoras que sugam o gás do subsolo e o jogam na atmosfera evitando assim que ajam concentrações alarmantes desse gás. Porém, em 8 anos a USP, maior universidade do Brasil e dona de um orçamento milionário, não fez o que o Center Norte fez em 24h (com um gasto de cerca de R$20 mil) e permaneceu ao longo dos anos expondo alunos, professores e funcionários em constante risco.
Pareceria descaso, mas a situação foi se agravando de tal forma que chega a parecer piada de mau gosto. Se não bastasse o metano, em 2011 o campus foi aterrado com (de origem duvidosa) terra e entulho (!!!!) contaminada que possui substâncias cancerígenas.
Em setembro de 2013 professores, funcionários e estudantes declararam greve por diretas para diretor(a) da escola, pelo afastamento da atual direção (os responsáveis pelo recebimento da terra) e pela resolução dos problemas ambientais do campus. Essa greve durou 50 dias e se fortaleceu com a ocupação do prédio da direção (por 17 dias) e graças a ela que o processo engavetado no MP voltou a ser apurado e culminou na decisão judicial de 09 de dezembro que dava 30 dias para que as adequações necessárias quanto a terra e ao metano fossem feitas. Pra variar nada foi feito. Mas, na EACH aprendemos que tudo que é ruim pode piorar e logo depois disso, surgiu a infestação de piolho de pombo que acarretou uma microepidemia de sarna e a descoberta de que a água dos bebedouros estava imprópria para consumo por conter cloriformes fecais (fezes!!!). Nesse momento a situação ficou insustentável e antes que todos decidissem que não pisariam mais naquele lugar a própria direção suspendeu as aulas em 15 de dezembro e prorrogou a suspensão em 06 de janeiro. Na noite de ontem (08) os estudantes da EACH receberam e-mail onde eram informados de que as aulas do segundo semestre de 2013 retornarão na semana que vem, em 13 de janeiro, porém, “devido ao término do prazo dado pela justiça”, leia-se: devido ao não cumprimento das adequações necessárias por parte da direção, da SEF e da reitoria, as mesmas acontecerão no IP, na ECA e no IGC. Mais uma vez a comunidade acadêmica não foi consultado e centenas de estudantes serão prejudicados por não conseguirem se locomover do trabalho ao Butantã ou do Butantã ao trabalho em tempo hábil para a aula.
O primeiro semestre de 2014 segue sem previsão de inicio e corremos o risco de não voltarmos pra EACH tão cedo. Não sabemos onde teremos aulas no semestre que vem. São R$ 40 milhões de reais jogados fora, são milhares de estudantes, professores e funcionários que construíram uma vida na região, que alugaram ou até compraram casas, que arranjaram empregos, tudo ao redor da USP Leste e, por negligência e corrupção da quadrilha que administra a faculdade terão não só sua graduação como toda a sua vida prejudicada.
Assim, reiteramos a decisão dos estudantes da EACH em sua última assembleia, concordamos com a interdiçã judicial, visto o descaso da universidade com a resolução do problemas, mas, não queremos sair da zona leste e não queremos o fim da EACH. Não queremos dividir nossos 10 cursos em lugares diferentes, queremos permanecer juntos como estávamos no Ciclo Básico. Afinal, foi graças a nossa união que fizemos uma greve histórica em 2013.
Por isso, O DCE da USP conclama à todxs para à Assembleia Extraordinária dos Estudantes da EACH, dia 13/01, às 18h na Prainha da ECA (Aonde acontecem às quinta e brejas).
A EACH não se divide! A USP Leste é na Leste! Democracia na tomada de decisões!
Cumprimento das adequações ambientais do campus já!
Punição aos corruptos e corruptores que contaminaram nosso campus!