Nota do Conselho de Centros Acadêmicos da USP em repúdio ao Machismo dentro da Universidade e do Movimento Estudantil

05 de maio de 2013, 20:00

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Aconteceu, nesta última quinta-feira (02 de maio de 2013) no Auditório da Geografia da FFLCH/USP, um Ato-Público contra o machismo que contou com a presença de figuras importantes, como a blogueira Lola, e cerca de 300 estudantes, reforçando a importância da luta contra as opressões e contra a discriminação das mulheres; repudiando diversos casos de machismo que têm acontecido por toda a universidade.

Hoje, diversos coletivos feministas da USP têm se organizando em busca de travar uma batalha contra o machismo dentro da universidade e construir uma alternativa de resistência em defesa da legitimação do espaço das mulheres dentro e fora da USP. O DCE-Livre da USP e o conjunto dos Centros Acadêmicos toma essa como também uma luta sua.

No período recente, inúmeros casos bastante graves têm acontecido na USP. No início de 2013, presenciamos o Miss Bixete em São Carlos, evento que é promovido anualmente pelo GAP (Grupo de Apoio à Putaria) e que coagiu e humilhou mulheres que mais uma vez se manifestavam contra a atividade. Posteriormente, foi realizado o IntegraPoli na capital, gincana estudantil que neste ano tinha atividades que naturalizavam ações opressoras, como simular ejaculação em mulheres ou atirar elásticos em calouras de biquíni. E, agora, nos deparamos com um caso de ainda maior gravidade: uma denúncia de violência e estupro a uma mulher estudante da USP em Lorena, no espaço de uma república estudantil.

O Movimento Estudantil também não está imune ao machismo. Constantemente vemos agressões a mulheres que ocupam espaços públicos e aos coletivos que visam combater o machismo, como a Frente Feminista da USP e diversos coletivos. Em particular, na última assembleia geral de estudantes da USP, chegou-se à situação limite da agressão e da violência a diretoras do DCE que, anteriormente, já vinham sendo coagidas em sua atuação política simplesmente por serem mulheres protagonistas da construção do ME. Uma situação inadmissível e que foi respondida, em nota, tanto pela Frente Feminista da USP (http://tinyurl.com/bsshakd) como pelo DCE-Livre da USP (http://tinyurl.com/c5flfvs), assim como por diversos Centros Acadêmicos.

Os Centros Acadêmicos que assinam esta nota e o DCE-Livre da USP repudiam de maneira veemente esses casos de machismo na Universidade. Não aceitaremos o machismo na USP. Não aceitaremos o machismo no movimento estudantil. Em nossa luta pela democratização da universidade, as mulheres seguirão desempenhando um papel protagonista e jamais será admitido o constrangimento de sua atuação política e, muito menos, a agressão moral e física.

O machismo ainda está presente no nosso cotidiano. Para combatê-lo, é necessário que as mulheres se auto-organizem em coletivos por toda a universidade, que o conjunto d@s estudantes se apropriem deste debate e que exijam da reitoria uma resposta contundente para que estes casos deixem de existir, atendendo às reivindicações históricas do movimento de mulheres e se responsabilizando pelos casos que acontecem dentro da USP.

Reiteramos a conivência da reitoria de Rodas com o machismo ao ignorar as necessidades específicas das mulheres estudantes. Os casos de violência seguem crescendo na universidade e os dados são conscientemente escondidos da comunidade universitária. A existência de apenas um bloco de moradia destinado às mulheres que são mães obriga muitas estudantes a desistirem do curso, assim como a falta de creche para as crianças. Em nossa universidade, exigimos da reitoria medidas de segurança efetivas que não são garantidas com a presença da Policia Militar em nosso campus, como a efetivação do aumento da iluminação, a criação de um efetivo feminino da guarda universitária especializado em assistência as mulheres e investimento em assistência estudantil específico para mulheres estudantes que signifiquem mais creches e moradia especial para as mães. Soma-se a isso a negligência da Universidade em atender as estudantes vitimas de estupro e a falta de assistência a estudantes grávidas que não tem seus direitos garantidos – não podem ser atendidas no HU e também são convidadas a se retirar de sua moradia.

Em busca de fortalecer a luta feminista em toda Universidade, o Conselho de Centros Acadêmicos delibera pela construção do II Encontro de Mulheres Estudantes da USP no segundo semestre deste ano e convida a todos os coletivos e estudantes a se incorporarem nessa construção. Pautado na realidade vivida hoje por tantas estudantes e frente aos acontecimentos absurdos que temos visto na universidade e no movimento estudantil, fortaleceremos nossa luta.

MACHISMO NUNCA MAIS!

Conselho de Centros Acadêmicos da USP
Diretório Central dos Estudantes Livre da USP “Alexandre Vannucchi Leme”

CAMAT – Centro Acadêmico da Matemática (Matemática, Ciência da Computação e Estatística)
CAER – Centro Acadêmico Emílio Ribas (Nutrição e Saúde Pública)
CEQHR – Centro de Estudos Químicos Heinrich Reinboldt (Química)
CAFB – Centro Acadêmico de Farmácia e Bioquímica
CAF – Centro Acadêmico de Filosofia Professor João Cruz Costa
CABio – Centro Acadêmico da Biologia
SAPA – Secretaria Acadêmica Pró-Ambiental (Engenharia Ambiental – USP São Carlos)
DADA – Diretório Acadêmico Dante Alighieri (USP Lorena)
CAHIS – Centro Acadêmico da História
Centro Acadêmico XXXI de Outubro – (Enfermagem São Paulo)
CePEGe – Centro Paulista de Estudos Geológicos (Geologia)
CAASO – Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (C.A. do Campus da USP São Carlos)
CeUPES – Centro Universitário de Pesquisa em Estudos Sociais Isis Dias de Oliveira (Ciências Sociais)
CeGE – Centro de Estudos Geográficos Capistrano de Abreu (Geografia)
CARB – Centro Acadêmico Ruy Barbosa (Educação Física São Paulo)
CARL – Centro Acadêmico Rocha Lima (Medicina Ribeirão Preto)
GUIMA – Centro Acadêmico Guimarães Rosa (Relações Internacionais)

 

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