Escola de Engenharia de São Carlos vota contra o PIMESP e por democracia no acesso à USP
20 de março de 2013, 23:22
Por Diego Fogaça, Diretor do DCE, e representante discente na Congregação da EESC.
A última pauta da reunião da Congregação da EESC (Escola de Engenharia de São Carlos) ocorrida em 15-03 era o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (PIMESP).
Como já era esperado – em função do exíguo tempo (final de março) determinado para a consulta das unidades da USP – sobravam dúvidas e questionamentos quanto ao programa. Faltavam amadurecimento e consenso em relação aos assuntos que o embasam e permeiam.
Deve-se destacar que a nota do CAASO (leia abaixo) foi elogiada por vários membros docentes da Congregação, tanto pela redação quanto pelo conteúdo. A nota já havia repercutido na reunião da Comissão de Graduação (CG) no dia anterior, contribuindo para que este órgão se posicionasse contrariamente à aprovação do PIMESP.
Ao final da reunião decidiu-se por marcar uma reunião extraordinária da CG onde também os membros interessados da Congregação poderão discutir mais a fundo o PIMESP, respondendo mais detalhadamente à consulta. Bem como tomou-se o posicionamento de construir espaços que discutam políticas afirmativas e a importância da democratização do acesso a universidade. A representação discente comparecerá em peso.
Desde que o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu, em abril de 2012, a constitucionalidade das cotas tanto raciais como sociais para o acesso à Universidade esse debate vem ganhando força e visibilidade na sociedade brasileira. No fim de 2012, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, auxiliado pelos reitores das três universidades públicas estaduais (USP, Unicamp e UNESP), anunciou um programa de cotas para essas instituições. O projeto denominado Programa de Inclusão por Mérito no Ensino Superior Paulista (PIMESP) submete os estudantes oriundos das escolas públicas a um curso preparatório semipresencial, o College, após o qual teria acesso ao ensino público superior.
A proposta foi apresentada a pouquíssimo tempo aos órgãos colegiados da Universidade com prazo curto para que estes deliberem sobre o tema. Acreditamos haver graves riscos em debater às pressas e sem reflexão suficiente esta proposta, que se diferencia em muito das ações afirmativas consolidadas nas universidades federais, por exemplo.
Este processo tem se dado de forma atropelada, para implantação quase que imediata e sem a comunidade USP avaliar se representa de fato um avanço para o ensino público superior ou o agravamento das desigualdades sociais e raciais no âmbito universitário.
Por isso nos posicionamos contrários à aprovação do PIMESP, e alertamos para que os órgãos colegiados tenham o discernimento para refletir sobre os problemas apresentados. Consideramos, ainda, de fundamental importância de que estes mesmos órgãos debatam a necessidade de políticas afirmativas para a USP.
Desde já o CAASO e as entidades abaixo assinadas propõem a construção de debates para todos os setores da comunidade USP acerca do tema em conjunto com a CON, a CG e os movimentos sociais que têm acúmulo na pauta. Devido à importância do tema temos convicção de que poderemos realizar conjuntamente a devida discussão em prol da democratização do acesso à USP.
CAASO – Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira
DCE Livre da USP – Alexandre Vannucchi Leme
Pró- Produção – Secretaria Acadêmica da Engenharia de Produção
SAPA – Secretaria Acadêmica Pró-Ambiental
SAEMM – Secretaria Acadêmica da Engenharia de Materiais e Manufatura
Saecomp – Secretaria Acadêmica da Engenharia da Computação
SA-SEL – Secretaria Acadêmica da Engenharia Elétrica
SAMECA – Secretaria Acadêmica da Mecânica