Nota à comunidade da FFLCH sobre o processo eleitoral para diretor
22 de setembro de 2012, 23:38
A FFLCH é a maior faculdade da USP, com cerca de 10 mil estudantes e cinco cursos de Humanas de caráter crítico e reflexivo que formam profissionais de grande expressão e atuação social, cultural, educacional e política na sociedade brasileira e por isso é um dos principais alvos de mudança aos olhos da gestão de João Grandino Rodas, que afirma um caráter elitista e mercadológico de Universidade. As diversas medidas de sua gestão afetam centralmente a FFLCH: as diretrizes de Graduação que prevêem o fechamento de cursos de baixa demanda mercadológica, o baixo investimento em cursos que não tenham esse perfil exigido por Rodas, a repressão aos estudantes e funcionários que se organizam politicamente, expresso na grande quantidade de processos e expulsões em sua maioria a estudantes da FFLCH, a falta de vagas e bolsas de auxílio de permanência estudantil, o fim do gatilho automático, que não garante a reposição de professores aposentados e que venham a falecer para uma unidade onde faltam muitos professores, entre outros.
As eleições para a nova diretoria da FFLCH acontecem nessa conjuntura. Semelhante ao processo de escolha do reitor, o processo da FFLCH é muito antidemocrático: participam do colégio eleitoral atualmente 200 pessoas de um total de mais de 10000 alunos, 5000 professores e funcionários, que indicam uma lista tríplice ao reitor. Além disso, se expressa como um jogo de cartas marcadas, pois boa parte dos professores não sabia que havia dois candidatos, sendo certa a vitória de Sérgio Adorno da Ciências Sociais, que publicamente defendeu a gestão Rodas e a possibilidade de divisão da FFLCH. É uma grande contradição uma Faculdade de caráter crítico, reflexivo e de grande importância política para a sociedade sustentar uma estrutura de poder tão antidemocrática. Este modelo revela o desejo de se manter nas mãos de poucos as decisões que dizem respeito ao conjunto da FFLCH. Por que impedir que a riqueza crítica e política da FFLCH seja expressa na decisão de seus próprios rumos?
Diante disso, em plenária no dia 18 de setembro, os estudantes da FFLCH formularam algumas resoluções políticas caracterizando o processo eleitoral como antidemocrático e exigindo que se convoque um novo processo eleitoral, com eleições diretas e paritárias, como fruto do acúmulo e das deliberações do XI Congresso de Estudantes da USP. Além disso, diante da possibilidade de divisão da FFLCH, sobre a qual temos notícias vagas e imprecisas, justamente porque as discussões sobre os rumos da FFLCH são restritos a poucos professores da Unidade, os estudantes anunciam: a FFLCH não se divide! Foi também definido que cada Centro Acadêmico indicaria um representante para participar da seção da Congregação e entregaria a carta de reivindicações para a atual diretora da FFLCH, Sandra Nitrini e que se faria um ato para expor as nossas reivindicações.
No momento da reunião do colégio eleitoral, Nitrini negou a possibilidade de participação destes representantes discentes indicados pela plenária, mesmo que fosse somente para acompanhamento do processo para entrega da carta de reivindicações. Diante da intransigência da Diretoria, os estudantes ocuparam pacificamente o anfiteatro da História entoando palavras de ordem por eleições diretas e contra a divisão de FFLCH. A atual diretora, ignorando a presença de 150 estudantes indignados com o processo eleitoral, disse que manteria as eleições daquele colégio eleitoral. Com o apoio de uma série de professores presentes, com protestos e palavras de ordem os estudantes obtiveram uma importante conquista: a Diretoria da Faculdade suspendeu o processo eleitoral.
Esta foi uma primeira vitória do movimento estudantil da FFLCH na luta pela democratização da USP e aprova de que com mobilização conseguimos conquistas uma Universidade democrática. Precisamos agora avançar e ampliar ainda mais o movimento. Por isso, convocamos os estudantes da FFLCH para a plenária do dia 26 de setembro, às 18h, em frente ao prédio de Letras para decidirmos os próximos rumos do movimento. A FFLCH não se divide! Queremos eleições diretas para diretor!