Carta sobre a eleição da diretoria da FFLCH
24 de setembro de 2012, 10:55
Na manhã desta segunda-feira aconteceu a nova reunião do colégio eleitoral da FFLCH que elegeu o novo diretor da unidade. O DCE-Livre da USP, em conjunto com os centros acadêmicos e diversos ativistas, esteve presente para demonstrar nossa indignação em relação ao processo totalmente antidemocrático na escolha dos cargos de decisão da universidade. Ao contrário da quinta-feira passada, quando foi negado o pedido de que o DCE entrasse no auditório para ler uma carta sobre o processo eleitoral, dessa vez nos foi concedido o uso da palavra e um de nossos diretores pode entrar para ler a carta que divulgamos abaixo.
Carta sobre a eleição da diretoria da FFLCH
Através dessa carta gostaríamos de deixar claro nossa opinião sobre esse processo de eleições para diretoria da FFLCH e trazer algumas reflexões para o conjunto da comunidade universitária
A primeira questão que nos chama atenção é o fato de ser de conhecimento de todos que está se cogitando e debatendo uma proposta de divisão de nossa faculdade sem que haja uma única proposta oficial formalizada, o que seria o pressuposto para um debate democrático acerca dos rumos de nossa universidade. Nesse sentido, reivindicamos a opinião de que nossa faculdade se formou a partir de uma concepção universal que atrela ensino-pesquisa- extensão. A unidade da FFLCH tem importância tanto acadêmica, no sentido da inter-disciplinariedade, como política, nos termos da cultura política elaborada em nossa faculdade, que tantas vezes cumpriu papel importante nos rumos da USP e do país. Em nossa opinião, a FFLCH não se divide.
Ao mesmo tempo, consideramos que esse tema evidencia a total falta de democracia nos termos da gestão de nossa universidade atualmente, o que tem sua maior expressão nos métodos de escolha dos cargos de poder da universidade.
Na FFLCH, trata-se de um colégio eleitoral de 150 pessoas em um universo de mais de 15000. Assim como nos chamou atenção haver uma proposta de divisão de nossa faculdade circulando, nos causou espanto ainda maior a extrema apatia e naturalidade com que estava se dando o processo de eleição para a diretoria de nossa unidade. O número completamente inexpressivo de 800 participantes da consulta online que foi realizada em uma faculdade do tamanho da nossa demostra esse fato. Se, há alguns anos, essa consulta representava um avanço nos moldes de como escolher a diretoria, nesse momento ela está ultrapassada e não consegue resolver todas as contradições que são necessárias. A FFLCH precisa avançar e queremos realizar isso tendo em vista, por exemplo, os moldes realizados na Faculdade de Educação com uma consulta direta, com amplo debate, participação e o compromisso de que o colégio eleitoral acate o resultado dessa consulta direta.
Nossa ação no ultimo colégio eleitoral não tinha em nenhum momento ofender pessoalmente qualquer um dos professores ou mesmo, como fim principal, impedir as eleições de ocorrerem. Nosso propósito foi constranger sim, a normalidade e a naturalização com que são tratados a falta de democracia em nossa universidade. Com essa ação nosso objetivo foi de trazer esse debate à tona para toda a FFLCH e acreditamos que estamos caminhando nesse sentido a partir desse fato. O que aconteceu naquele dia foi a expressão dos discentes que querem ser ouvidos nos espaços de decisão. Aos professores e funcionários presentes queremos trazer a reflexão: a transformação de nossa universidade passa por observar que nem mesmo colegas de vocês, que tanto produzem para a faculdade, podem se expressar nessa escolha, e mais: é a partir da decisão de vocês, de legitimar ou não esse processo antidemocrático, que poderemos caminhar para modificar essa realidade.
A FFLCH sempre esteve na vanguarda a discussão e debate sobre nossa sociedade e é nesses marcos que também se insere esta questão. Nos próximos meses a reitoria indicou a intenção de reformar o estatuto da universidade no que diz respeito a eleição para reitor, através do próprio conselho universitário. Não acreditamos que possa haver um interesse espontâneo pela democratização dessa estrutura partindo dessa reitoria. Ainda mais tendo em vista as centenas de processos administrativos que são direcionados a estudantes, em sua maioria da FFLCH, e que também atingem funcionários e professores. Nesse sentido, a postura que assumirá a nossa faculdade desde agora será fundamental. E é esse o compromisso da diretoria do DCE-livre da USP. Estamos participando e reivindicamos a eleição para o RD’s a que temos direito, mas acreditamos que é preciso dar um passo além. Queremos voto direto e paritário nas eleições para diretoria!
Por tudo o exposto acima nenhum representante discente dos departamentos irá participar dessa votação formalmente e gostaríamos de convocar os professores e funcionários da faculdade para realizar uma plenária dos três setores para avançar nesses debates no sentido de democratizar de fato essa universidade.