Manifesto pela implementação de cotas raciais para democratizar a USP!

27 de junho de 2012, 12:30

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O que está em jogo hoje na Universidade de São Paulo é seu caráter, pois, segundo os diversos dicionários da Língua Portuguesa a “Universidade” tem por função garantir conservação e progresso dos diversos ramos do conhecimento. Não há pesquisa, estudo ou vida que não sucumba diante da falta de liberdades para investigação, contestação e divergências no pensar.

Hoje, o “Centro de Excelência USP”, a primeira no ranking das melhores universidades da América Latina é também a última colocada no quesito democracia. Nossa USP é amplamente reconhecida pela exacerbada falta de diálogo, pelo autoritarismo ditatorial com o qual conduz a universidade a reitoria de Grandino Rodas. Exemplos, infelizmente, não nos faltam; que o diga Nicolas Menezes Barreto, estudante negro, vitima de racismo ao ter uma arma apontada contra o rosto por um PM, em janeiro deste ano, o motivo? Era o único negro no local. Que o digam também as dezenas de estudantes que hoje respondem a processos administrativos. O motivo? Discordaram do Reitor.

Os processos administrativos, as retaliações aos professores, a perseguição política, a presença ostensiva da polícia militar são, para nós do DCE, inadmissíveis e incompatíveis com o suposto território livre que deveria ser a universidade, um espaço do livre-pensar, do debater, do divergir. Não é mais possível aceitar tamanha falta de democracia, nem mesmo mais por este CO passam as decisões. Ainda que milhares de estudantes tenham votado em assembléia um plano alternativo de segurança, Rodas, ignora à tudo e a todos, divulga uma plataforma de vigilância que sequer foi aprovada em reunião do Conselho Universitário. Todas as decisões ficam a cargo de uma única figura, o reitor, que se julga, onipotente por ter carta branca do governo do Estado. Diante disso, o DCE da USP se posiciona neste CO, contra as arbitrariedades da Reitoria e, diante, da impossibilidade de discutir democracia sem discutirmos o acesso à universidade, ressaltamos o absurdo da recusa do pedido de inclusão da pauta de Cotas neste Conselho.
Estamos junto à luta do Movimento Negro, pela aplicação das Cotas Raciais na USP, pois a constitucionalidade desse instrumento paliativo de Reparação histórica já foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal cabe a USP apenas discutir como aplicá-lo. O racismo na USP é mais um triste exemplo da falta de democracia: Nossa universidade é branca! Pois a população negra, apesar de ser mais de 50% da população brasileira, nunca foi sequer 15% comunidade universitária, menos de 1% dos nossos docentes são negros. Uma elitização escancarada que, agora, com a aprovação da cotas, temos a chance de reparar parcialmente.

Por isso a luta do DCE junto ao Núcleo de Consciência Negra da USP é pela Democratização da USP, tanto no Acesso à Universidade, através de um Sistema de Reserva de Vagas, quanto na defesa dos estudantes e trabalhadores que foram perseguidos politicamente na Ditadura Militar e todos que estão sendo perseguidos e processados pela gestão do Reitor João Grandino Rodas.

Queremos que a USP reserve parte de suas vagas para pessoas oriundas de escolas públicas, como maneira de garantir os preceitos fundamentais da justiça social e igualdade na educação. E ainda, estabeleça um percentual que contemple os afrodescendentes e indígenas, que foram excluídos e explorados na história do Brasil, e não se encontram em igualdade material de condições e oportunidades na sociedade.

Temos de criar as condições para a juventude negra ter acesso ao conhecimento. Fica então, por meio deste manifesto, o compromisso do DCE: Vamos lutar sem cessar pela inclusão sócio-racial, ao mesmo tempo em que lutamos pelos 10% do PIB para a Educação para que a expansão de vagas seja feita com qualidade.

Exigimos por fim, que o próximo CO debata o tema das cotas, em sessão aberta a participação de todos.

DCE-Livre da USP  – Gestão “Não Vou me Adaptar!”

 

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