Moção de apoio do DCE à mobilização das/os terceirizadas/os da BKM

21 de setembro de 2011, 12:30

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Expressão de um processo de precarização a conta-gotas que as universidades públicas vêm passando, as terceirizações se tornaram, ao longo das últimas décadas, a regra no ensino superior público, e não mais a exceção. A irresponsabilidade do Estado na prestação do seu dever constitucional de garantir serviços públicos e de qualidade, uma educação verdadeiramente gratuita para todas e todos, não afeta somente a rotina de trabalho dos funcionários, mas é também verificável nas condições de ensino e de trabalho dos estudantes e professores. Nos últimos anos, houve um aumento do número de pessoas que abandonam a universidade pública por não terem condições de se manter, evidenciando a falta de política para permanência estudantil; os professores encontram sua carga de trabalho cada vez mais intensificada, precisando seguir o ritmo “industrial” das agências de fomento. Desse modo, a USP segue seu caminho rumo à “modernização” (nas palavras do reitor), assim como diversas outras universidades estaduais e federais de todo o país. E a educação brasileira conta, na definição das prioridades de investimentos dos governos, com menos de 5% do PIB.

Na noite de ontem, funcionárias/os da terceirizada BKM, empresa responsável pela jardinagem da USP, ocuparam uma sala da prefeitura do campus Butantã, reivindicando o pagamento do salário atrasado. Isto acontece na mesma semana em que se torna público nos noticiários a abertura de um processo do Ministério Público estadual contra a reitoria da USP, por improbidade administrativa e lesão aos cofres públicos. Com baixos salários, trabalho precarizado e com os seus direitos sociais negados, tais trabalhadoras/os fazem parte do contingente de mais de 4.000 funcionárias/os terceirizadas/os universidade que sofrem diariamente com esse modelo de trabalho. Situação que se tornou rotina na universidade, não pode haver outra saída a não ser a de acabar com as terceirizações, contratar imediatamente estes trabalhadores/as com todas as garantias dos funcionários técnico-administrativos da USP e abrir concurso para aumentar o número de funcionárias/os na universidade.

As duras condições de ensino e de trabalho na USP também tem um recorte de gênero. As mulheres trabalhadoras e estudantes são as mais afetadas pela precarização da universidade, pois muitas vezes, sem conseguir vagas em creches (as poucas que há na USP – e sequer há creches em todos os campi – não podem ser usadas pelas trabalhadoras terceirizadas) e escolas infantis, ou encontrando-as distantes do local de trabalho, ainda tem que cuidar também da alimentação, limpeza e manutenção das suas casas, achando-se imersas em uma dinâmica de duplas ou triplas jornadas de trabalho

O DCE-Livre da USP apóia as mobilizações das/os funcionárias/os terceirizadas/os da BKM. Também impulsiona o Encontro de Mulheres da USP, que acontecerá nos dias 21,22 e 23 de outubro e onde serão debatidas as condições de trabalho das terceirizadas, além de defender que haja um repasse de 10% do PIB brasileiro para a Educação Pública, que garanta condições de trabalho dignas e políticas de permanência estudantil com plenas condições para nossa formação.

 

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