Sobre a Questão da Transferência de Cursos da Escola Politécnica para a USP Leste

12 de maio de 2011, 20:50

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(por Diego Rabatone Oliveira, RD do PCS/Poli)

Na primeira semana de Abril de 2011 surgiu a informação de que a Reitoria havia solicitado a transferência do Curso de Engenharia de Computação (Quadrimestral) da Cidade Universitária para a USP Leste. Tal informação “surgiu” e circulou internamente no departamento e houve pedidos da chefia de departamento para que não fosse espalhada, nem mesmo aos discentes do departamento. Mas rapidamente ela se espalhou.

O departamento responsável pelo curso é o PCS, e o primeiro espaço formal no qual o tema foi abordado foi o Conselho de Departamento de 07/04/2011. Na ocasião, grande parte dos docentes se posicionou fortemente contra a ideia e não havia representantes discentes presentes. Nesta primeira reunião foi marcada uma reunião extraordinária do conselho para o dia 14/04/2011, tendo como pauta única debater este assunto.

Para a reunião do dia 14, os estudantes do curso de Engenharia de Computação se mobilizaram e escolheram seus Representantes Discentes, que estiveram presentes.

Durante a primeira semana muito foi discutido entre os estudantes de Engenharia de Computação (Semestral e Quadrimestral) e a opinião majoritária era contrária à mudança proposta.

Como pode ser observado nas anotações da reunião do dia 14 e também como os estudantes puderam conferir em diversos emails enviados pela chefia de departamento, estava clara uma força-tarefa por parte desta para favorecer e fortificar a proposta de transferência vinda da reitoria.

O Chefe de Departamento disse ter conversado pessoalmente com o Reitor sobre a questão e confirmado a intenção da reitoria, inclusive a promessa de que seria construído um “Centro de Computação do mesmo nível do MIT”.

Ao final desta segunda reunião, fora decidido um texto a ser colocado para deliberação na reunião seguinte do Conselho, que estava marcada para dia 05/05/2011.

Passada a reunião do dia 14, em função do feriado prolongado (“Semana Santa”), o debate enfraqueceu, mas na primeira semana de maio começaram a surgir diversas notícias nos jornais, a maioria fruto de entrevistas com o Diretor da Escola Politécnica, nas quais eram confirmadas as intenções de transferência de curso, sendo que alguns outros cursos da Escola foram citados como alternativas a serem transferidas.

No dia anterior à reunião de maio, chegou às pessoas que integram o Conselho um comunicado dizendo que o Diretor da Escola Politécnica estaria presente na reunião.

Conforme pode ser observado nas anotações da reunião do dia 05, o Diretor foi, em seu nome e em nome do Reitor esclarecer o que estava sendo solicitado e reforçar seu apoio à proposta.

Foi esclarecido que a proposta era de se transferir, imediatamente, o curso de Engenharia de Computação (Quadrimestral) para a USP Leste, de forma que já constasse no vestibular deste ano, fazendo com que todos os ingressantes a partir deste momento fossem estudantes do curso de Engenharia de Computação – USP Leste.

Foi dito também que os atuais estudantes do curso não seriam transferidos, mas não ficou claro como seria viabilizado o curso, a partir de 2012, na USP Leste sem a garantia da existência de infraestrutura para tal. Apesar da alegação de que “dinheiro não seria problema” e que o Reitor iria “colocar os computadores que vocês (docentes) acham que devem ser colocados lá (USP Leste)”, vale salientar que os próprios cursos já existentes na EACH carecem de estrutura adequada e o espaço físico da unidade é bastante limitado.

O fato de o pedido não ter tramitado pelas vias oficiais, mas ter sido debatido e articulado entre algumas poucoas pessoas e só ter chegado às vias oficiais por uma falha (vazamento) gerou uma imensa insatisfação de todos no PCS.

A Computação reforçou seu posicionamento contrário à proposta, como pode ser observado nas anotações. Na reunião convocada pelo Grêmio, ocorrida em 11/05/2011, para que o Prof. Sidnei pudesse prestar esclarecimentos sobre o assunto, nenhum novo elemento foi levantado. As justificativas e os trâmites da proposta de mudança permanecem obscuros. Restam ainda muitos questionamentos a respeito dos outros cursos (Mecânica, Mecatrônica, Produção e Petróleo), que, conforme noticiado pela imprensa, também estão cotados para transferência sem que tenha ocorrido qualquer discussão dentro dos departamentos.

É muito positivo que se amplie vagas e que a Universidade expanda suas fronteiras, chegando mais próxima à população e incluindo um número cada vez maior de estudantes. No entanto, a forma anti-democrática com que essas medidas vêm sendo tomadas, sem qualquer discussão dentro dos departamentos, com estudantes, docentes e funcionários, lança dúvidas quanto ao investimento que a Reitoria se dispõe a fazer, seja na garantia de estrutura física adequada, de número suficiente de professores e funcionários, quanto na formulação de um projeto político-pedagógico consistente (por exemplo, como viabilizar o caráter multidisciplinar do ciclo-básico fragmentando a Escola?).

Expansão com qualidade deve pressupor debate democrático com a comunidade acadêmica e muito planejamento, coisa que não tem acontecido.

 

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