O Retrocesso do Novo Código Florestal

30 de maio de 2011, 01:47

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Nas últimas semanas o debate sobre meio ambiente retornou ao cotidiano dos brasileiros sob uma perspectiva preocupante. Enquanto as alterações do Código Florestal evidenciam os interesses da bancada ruralista no Congresso Nacional, movimentos sociais e ambientais travam uma batalha desigual em defesa da preservação e de uma produção agrária mais justa.

O relatório proposto por Aldo Rebelo (PCdoB) defende a anistia aos desmatadores, além da redução pela metade das áreas de preservação da mata ciliar e liberação de desmatamento em encostas. Medidas como essas se contrapõem brutalmente à tentativa dos ambientalistas de real aplicação do atual Código Florestal, que há muito tempo é ignorado pelos fazendeiros. Além disso, os grandes produtores beneficiados por essas mudanças são os patrocinadores de campanhas eleitorais dos mesmos deputados que defendem o Novo Código. A lógica da troca de favores, em detrimento dos interesses da sociedade, tem norteado a elaboração desse projeto.

Uma das justificativas que os interessados dão para as alterações que facilitam o avanço do agronegócio é a necessidade de ampliar a produção de alimentos para o combate à fome. Porém, o modelo agrário que essas mesmas pessoas sustentam é a produção em larga escala, voltada para exportação e de monocultura, como no caso da soja, que pouco tem a ver com a alimentação do povo brasileiro.

A produção de alimentos para consumo interno no Brasil vem, em sua maioria, de pequenas propriedades através da agricultura familiar. O baixo investimento estatal nesse tipo de produção agrícola resulta em propriedades instaladas em áreas pouco férteis, sendo necessária a utilização de agrotóxicos para o aumento da produtividade. Essa prática recorrente traz prejuízos não só à saúde, mas ao bolso do consumidor que passa a pagar mais caro pelo alimento.

A flexibilização do Código Florestal defendida pelo deputado Aldo Rebelo, em consonância com as lideranças ruralistas, vai à contramão da, quase sempre esquecida, legislação ambiental brasileira. Não podemos ficar presos à falsa dicotomia entre produção e conservação. Precisamos pensar conjuntamente a preservação do meio ambiente e o bem-estar social, através do fortalecimento da agricultura familiar e de alternativas sustentáveis para a produção de alimentos no nosso país.

 

 

3 Responses to O Retrocesso do Novo Código Florestal

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    Seria interessantíssimo se fosse debatido dentro do DCE a possível presença de vocês em nosso ato.
    Agradecido

  2. Bruno disse:

    Tudo bem?
    Primeira vez que eu vejo um boletim aqui do DCE.
    Eu sou do campus de Ribeirão Preto, mas as vezes parece que não existe muito bem essa ligação com a capital. enfim..

    Legal o boletim, questões atuais que devem ser discutidas.. eee
    concordo com o texto, mas a parte que você diz que os agrotóxicos aumentam o preço do produto eu não entendi.. não são usados justamente para conseguir economias evitando pragas?

    Abraaaço..
    agradeço desde já

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