INCLUSP e Mudanças no vestibular
05 de abril de 2011, 12:52
Em reunião extraordinária do Conselho de Graduação (CoG) da USP, na quinta-feira (31/03/2011), foram aprovadas alterações no INCLUSP, programa de inclusão social criado em 2006 que tinha entre seus objetivos a tímida meta de ampliar de 26% para 30% a aprovação de estudantes oriundos de escolas públicas no seu vestibular.
Em 2011, os resultados desse projeto não são efetivos, porém diferente do que encontramos na mídia de grande circulação as medidas tomadas na última quinta-feira só intensificam a exclusão de estudantes de escolas públicas na Universidade de São Paulo. Com a preocupação de o acesso a universidade ser ainda mais atrelado ao mérito, a USP retirou o bônus de 3% garantido a todos os estudantes do programa e realizou alterações no PASUSP – Programa de Avaliação Seriada da USP.
As provas do PASUSP foram substituídas pela prova da FUVEST, agora o estudante do segundo ano do ensino médio poderá conseguir até 5% de bônus e repetindo a prova no terceiro ano terá até 10% de bônus, totalizando 15%. Este novo programa de inclusão social possui ainda mais problemas que o primeiro, o PASUSP não é um programa consolidado entre os estudantes do ensino médio e com pouca participação principalmente no segundo ano a tendência é que menos estudantes tenham acesso a bonificação. Outro ponto que não pode ser desconsiderado é o fato de que para atingir os 15% de bônus é necessário ter um excelente desempenho na prova acertando em torno de 40 pontos estando no segundo ano e 60 pontos no terceiro ano. Com essa pontuação o estudante passaria, sem o bônus, na maioria dos cursos da USP.
As alterações feitas no programa de inclusão social da USP colocam aos estudantes que cursaram a rede pública mais dificuldades para acessar a universidade pública, possibilitando àqueles que estudaram em escolas boas e pagas e teve a oportunidade de frequentar cursinhos pré-vestibulares maiores condições de ingressar no ensino superior gratuito. Desse modo, este programa privilegia um processo de elitização da USP, ao invés de revertê-lo. Nós, estudantes precisamos reivindicar o debate real de inclusão social na USP!
Precisamos debater
Nessa reunião do CoG também foram colocadas mudanças no vestibular que estão fortemente ligadas ao corte de vagas e fechamento de cursos na EACH e em outros campi da USP; medidas ancoradas em um conjunto de diretrizes aprovadas pelo Conselho Universitário (Co) em Setembro de 2010 que indica à USP se voltar as demandas de mercado, tornando seus cursos mais competitivos no vestibular (aumentando a relação candidato/vaga). A direção da universidade hoje, com a alegação de que muitos de seus alunos não possuem a qualidade necessária para esta universidade e com a frenquente preocupação de como a sua imagem esta sendo colocada nos rankings internacionais, fez algumas propostas que entram em conflito com qualquer debate de inclusão social.
Para dificultar o acesso a USP a Pró-Reitoria propôs aumentar a nota mínima de corte de 22 pontos na primeira fase para 27 pontos, o fato é que hoje a maioria dos cursos de licenciatura possui a nota de corte nesta faixa. Essa medida possibilita a reminiscência de vagas e a posterior proposta de corte dessas, assim como o fechamento de cursos.
Outra proposta é que para aproveitar a excelência de estudantes que prestam cursos excessivamente concorridos e possuem um ótimo desempenho no vestibular a USP daria a possibilidade destes re-escolherem a carreira depois da terceira chamada, o que impede estudantes comprometidos com a sua opção de cursos e que seriam os próximos a ser chamado acessarem a universidade.
No momento que a sociedade discuti o ensino superior e o seu acesso, a USP não só se recusa a fazer esse debate como reafirma medidas para fechar mais a universidade para aqueles que a sustentam com o seu trabalho, a sociedade que tem direito ao seu acesso. Essas propostas não foram aprovadas nessa reunião, os professores e estudantes presentes reivindicaram mais debate em torno e maior reflexão do real problema da USP, é importante agora os estudantes discutirem essas mudanças e formularem suas próprias propostas com responsabilidade e consequência.
O DCE-Livre da USP se posiciona contrário a tais medidas, reafirmando a relevância da USP enquanto universidade pública. Manter seu caráter público significa garantir condições para que aqueles que não as possuem possam ingressar e permanecer na universidade gratuitamente. É crucial que a estrutura de decisão da universidade, como seus conselhos (CoG e Co), se abram para discutir e deliberar tais medidas de maneira conjunta com toda a comunidade universitária (estudantes, professores e funcionários) e com quem debate as ações afirmativas, como os cursinhos populares.
[…] forma autoritária, Rodas aplica medidas que geram precarização e elitização da Universidade: mudanças no INCLUSP foram feitas e também são propostas mudanças no vestibular que acentuam a ex…. Os estudantes estão debatendo as novas diretrizes para graduação, aprovadas no final do ano […]