Na USP, falta de participação e novas medidas antidemocráticas de Rodas
04 de março de 2011, 10:48
Quando iniciou seu mandato na USP, o reitor João Grandino Rodas prometeu uma gestão de diálogo. Mas será isso o que se vem observando? Desde 2010, por diversas vezes o reitor da universidade fugiu do debate direto com a comunidade universitária, não comparecendo, por exemplo, à audiência pública com os estudantes no início do ano passado.
Agora, em 2011, algumas medidas evidenciam o verdadeiro caráter da atual gestão da reitoria e, principalmente, o tipo de universidade construído por ela. No final do ano passado, foram aprovadas no Conselho Universitário (CO) diretrizes para reformas em cursos da USP. Prevendo abertura e fechamento de cursos e alterações nas graduações, a reestruturação curricular visa aproximar a universidade do mercado, através de cursos mais compactos e técnicos. Isso coloca em questão, sobretudo, as licenciaturas e os cursos de baixa nota de corte na FUVEST, que devem cada vez mais ser relegados ao ensino à distância através da UNIVESP.
Paralelamente a isso, a reitoria tem anunciado sucessivas mudanças na estrutura física da universidade. Os barracões, que ficam atrás da FEA, por exemplo, devem ser demolidos. Cerca de 60 milhões de reais serão anualmente investidos em reformas na universidade, decididas arbitrariamente pela reitoria, e não pela comunidade universitária. Isso demonstra não só o tipo de universidade defendido pelo reitor Rodas, mas também a maneira como a reitoria pretende colocar sua concepção de USP em vigor. Sem respeitar os preceitos básicos de democracia, mais de 20 estudantes vêm sendo processados por terem participado de manifestações políticas dentro da universidade, assim como 270 funcionários foram, sem justa causa, demitidos da USP entre dezembro e janeiro.
O DCE considera inadmissível que questões políticas sejam decididas dessa maneira na universidade. Não podemos aceitar que a direção da universidade tome sempre as atitudes que quiser, à revelia da comunidade universitária. O DCE exige democracia na USP!
Quando os funcionários da USP no ano passado alertavam sobre as condutas que este novo reitor iria tomar e fizeram greve, quase toda a comunidade de alunos e docentes da Universidade viraram as costas, repudiaram, zombaram e disseram que os funcionários eram um bando de vagabundos. Agora, imagino que esta situação se revertá. Só espero que nós todos da comunidade uspiana, possamos nos unir contra os absurdos que tem feito este senhor reitor.
Acredito que todos nós da comunidade, mesmo que com certas diferenças temos que nos unir contra este inimigo comum. Na hora de demitir e desmontar a USP o reitor não estará fazendo distinção se este funcionário ou aluno participou ou não das greves de 2010. Se temos nossas diferenças, vamos resolver elas depois. Agora é a hora de proteger a USP e a qualidade de ensino.