Boletim do DCE n° 02/11 (Março/2011)
29 de março de 2011, 13:03
Reforma na EACH?!
- 30/03, QUARTA – às 19h – Auditório Azul
Audiência Pública com Boueri sobre o relatório Melfi - 31/03, QUINTA – às 12h e às 18h – Anfiteatro do Ciclo Básico
Assembleia geral das/os estudantes da EACH
Na USP, cadê a democracia?
Nos últimos meses, a direção da USP tem anunciado uma série de decisões que afetam profundamente nosso cotidiano e a qualidade das atividades desenvolvidas na universidade. Afinal, quem deveria tomar as decisões na USP?
A USP é considerada uma das melhores universidades da América Latina. Como universidade pública, tem a obrigação de oferecer ensino gratuito, atividades de pesquisa e de extensão universitárias voltadas à sociedade. Entretanto, apesar de mantida pela sociedade, sua administração é uma verdadeira caixa-preta. Gastos questionáveis de dinheiro público, demissões em massa e perspectiva de extinção de vagas são decididas e a comunidade universitária é solenemente ignorada. Os acontecimentos recentes comprovam-no. Universidade pública não deveria ser democrática?
O reitor João Grandino Rodas tem anunciado sua disposição a promover uma verdadeira reforma na USP. Diminuição de vagas e encerramento de cursos considerados de “baixo impacto social” ou “econômico” estão em questão após a aprovação pelo Conselho Universitário (CO), em setembro de 2010, de “diretrizes” para a graduação. Além da EACH, na qual o impacto dessas “diretrizes” já é uma realidade, estudantes e professores de vários outros cursos já começam a preocupar-se com as perspectivas nada animadoras para este ano.
Mas as reformas vão além dos cursos: a reitoria constituiu uma “comissão de demolição” (sim, este é o nome!) e estão sendo despejados vários núcleos de pesquisa, extensão, Centros Acadêmicos e espaços estudantis sem deixar garantia de novas instalações . Tudo isso para construir um centro de convenções, centro internacional para sediar órgãos externos à USP e — como não? — uma reforma de prédio para abrigar confortavelmente a própria reitoria. E, para tanto, pretende gastar R$ 240 milhões nos próximos anos. É certo que muitos lugares da USP precisam de reformas, mas onde deveria ser aplicada essa enorme quantidade de recursos públicos? Qual a prioridade? O reitor tomou a decisão e ninguém foi consultado!
Exigimos democracia! O DCE-Livre considera fundamental ampliar a participação nos rumos da universidade. Quem, senão nós, são os maiores interessados em entender o que de fato significam as últimas medidas tomadas pelo reitor e pelo Conselho Universitário? Uma campanha por democracia, com a mobilização das e dos estudantes, pode deixar claro que não aceitamos mais decisões a portas fechadas! Quem tem medo de democracia?
Reitor “do diálogo” não comparece na ALESP
O reitor da Universidade de São Paulo, João Grandino Rodas, não esteve presente na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) no dia 24 de março durante a audiência pública para a qual havia sido convocado. Em seu lugar, a reitoria enviou como representante o prof. Wanderley da Costa, que se retirou no meio da audiência sem prestar esclarecimentos.
Mesmo assim, estudantes, funcionários e professores se mobilizaram, lotaram o Auditório Franco Montoro e realizaram diversas falas sobre medidas antidemocráticas e ilegais que o Reitor vem tomando como o fechamento do curso de Obstetrícia e corte de vagas na EACH e a demissão de 270 funcionários. Os estudantes da EACH lotaram três ônibus e mostraram como a luta da USP leste é uma luta de toda universidade. Um exemplo para todo o movimento estudantil da USP.
Reforma nos cursos? Afinal, o que é o relatório Melfi?
No fim de 2010, foi elaborado pela direção da universidade um conjunto de diretrizes para a abertura e manutenção dos cursos de graduação. Entre elas, estava a reavaliação de cursos de acordo com sua “demanda social”, que no entender do documento poderia ser medido pela procura no vestibular e pela taxa de evasão. A reforma curricular já começou na EACH. O Relatório Melfi está em consonância com essa reforma curricular sugerida pela reitoria e reavalia todos os cursos da EACH. Participaram da sua elaboração poucos professores. E não havia sequer um professor por curso. Quem presidiu esse grupo foi o professor Melfi, ex-reitor da USP que foi o responsável pela criação da EACH. Vamos às contradições…
A USP Leste foi criada a partir de uma demanda dos moradores e movimentos sociais da zona leste. Um dos objetivos desse projeto era a maior inclusão de alunos. O então governador Geraldo Alckmin, tirou esse projeto da gaveta com vistas nas eleições presidenciais. Por isso, ainda há muitas deficiências estruturais, como a falta de moradia e centro de práticas esportivas na EACH. Mesmo assim, a USP Leste de fato representou uma maior inclusão de alunos oriundos do ensino médio. E vejam só, o ex-reitor Melfi sugere em seu relatório que vai cortar vagas nos cursos para aumentar a nota de corte e “uma elevação na qualidade dos alunos ingressantes, algo desejado por toda a Universidade”. Ou seja, para aumentar o caráter excludente no acesso à EACH.
Em outro momento o corte de vagas é justificado pela falta de salas de aulas e professores. Mas ao mesmo tempo o próprio diretor, Jorge Boueri já deu declarações que dois novos cursos serão criados com vocação para a “indústria criativa”. Se faltam professores como podemos criar novos cursos? Achamos importante a criação de novos cursos, mas isso não deve acontecer em detrimento dos que já existem e sem discussão. Nos parece que a intenção da diretoria é oferecer cursos voltados com viés mercadológico e não social. Por isso na última assembléia da EACH os estudantes disseram que são contra o relatório Melfi!
Tais medidas podem comprometer cursos que não são voltados exclusivamente para o mercado como as licenciaturas. Após a criação do curso de licenciatura à distância, por exemplo, está em discussão cortar uma turma em LCN por causa da baixa concorrência no vestibular. Mas o caso mais grave é o curso de obstetrícia que pode fechar! Isso mesmo! Qual é a importância que a universidade dá para as licenciaturas? E para a saúde da mulher?
Nós da gestão “Todas as Vozes” achamos que qualquer reforma nos currículos de curso deve levar em conta as reivindicações dos estudantes num processo de debate democrático. Queremos uma reforma democrática na EACH! Não podemos aceitar que a busca por “maior impacto econômico” leve a mudanças curriculares que piorem a qualidade de nossos cursos ou a cortes orçamentários!
Estudantes reivindicam uma audiência pública com Boueri! Queremos que nossa voz seja ouvida!
A EACH é uma das unidades que tem sentido fortemente a política do não diálogo e a falta de democracia que percorre toda a universidade. Nos últimos meses, o diretor Boueri se sentiu a vontade para ameaçar diminuir a representação discente no conselho de GPP, proibir festas e retirar o espaço de vivência dos estudantes sem ao menos debater isso com os estudantes. Nas últimas semanas, o ápice da falta de democracia foi a publicação de um relatório feito pelo Melfi e alguns professores. Quaisquer mudanças na infra-estrutura ou nos cursos, devem partir de um processo democrático com todos!
E nós, estudantes, debatemos sobre isso? Agora é a nossa vez! Queremos que a diretoria preste esclarecimento sobre essas questões. Por isso, na última assembléia geral da EACH entendemos a importância de reivindicarmos uma audiência pública com o diretor Boueri pedindo esclarecimentos sobre o “relatório Melfi” e sua política de não-diálogo com estudantes e professores.
[…] do diretor Jorge Boueri. O espaço deveria servir para que o diretor se posicionasse sobre o relatório coordenado por Adolfo Melfi que propõe o corte de 330 vagas na unidade e o fechamento dos cursos de Obstetrícia e […]